UMA HISTÓRIA COMO UMA CARAPUÇA QUE SERVE!
Olá, eu sou Marcelo Felix! E sou escritor. Eu faço contos, livros infantis, romances, e sou autor do romance infanto juvenil Martyn o Detetive e o Sumiço dos Encrenqueiros publicado pela Lura Editorial (2017). Se você deseja conhecer mais sobre o livro, que é o primeiro da série "Martyn o Detetive", eu te aconselho a assistir o book trailer abaixo. É um vídeo onde falo sobre o meu romance de estréia, e é onde você pode me ver com o cabelo bem curto usando roupas que estão esquecidas há muito tempo no meu guarda-roupa.
Este é o vídeo:
E este sou eu agora:
Bom, depois de muito pensar eu resolvi migrar para algum blog , mas como sou novo com isso e não sei se estou fazendo certo ou não, prefiro apenas colocar pensamentos, histórias e novidades sobre meu trabalho (ao menos por enquanto). Esta primeira postagem, de título extremamente peculiar foi escrita especialmente para duas amigas da minha fanpage do facebook (caso você ainda não conheça ela (a página e não a amiga) basta clicar aqui para conhecer).
Há alguns dias atrás eu postei uma foto que se parecia com isto:
E tinha a seguinte legenda:
"Há uma semana o céu estava assim, como se estivesse sendo travada alguma batalha por lá. Então a chuva nos acompanhou durante os sete dias. Hoje no entanto, toda a tempestade passou e ele se mostra límpido, sem as rajadas de luz. Então, quem quer que seja, acredito que já fizeram as pazes."
E logo após a postagem apareceram alguns comentários sobre lutas no céu, arcanjos e como Lúcifer veio para a terra. Tudo isso me deixou bastante feliz por que diante de uma foto e uma simples legenda a imaginação das pessoas foi aguçada. Adoro brincar com as palavras e encantar as pessoas com elas.
Eu havia escrito uma história curta sobre anjos há algum tempo, contando o que, possivelmente, causou a revolta de Lúcifer e de como Miguel acabou demonstrando seu poder. Essa história tem o nome de "Idéias para os humanos", e mesmo que não foi feita especialmente para a foto acima, ela serviu como um carapuça nessa ocasião. Agora o título estranho faz sentindo, não é?
Se ficou curioso você pode ler a história logo aqui abaixo em "mais informações", e comentar o que achou em seguida.
IDÉIAS PARA OS HUMANOS
— Eu estava pensando...— disse o homem,
à seu irmão. —
Bem, a verdade é que já planejei isto há muito tempo, mas gostaria da sua
opinião.
— Diga, — sorriu o outro, com sinceridade. — Talvez
eu possa te ajudar, iluminar seus pensamentos. Mesmo sabendo que você que é uma
estrela por aqui.
Eles sorriram novamente e por alguns segundos
ficaram admirando a paisagem a sua frente. Os dois estavam a beira de um píer, a
água cristalina corria por baixo das tábuas da passarela, e vez ou outra eles
viam seus reflexos e o céu extremamente azul nas águas a baixo.
Os
dois porém, não eram realmente homens, nem tão pouco mulheres; na verdade não
tinham sexo ou alguma outra coisa que os distinguisse como diferentes. O píer
por sua vez era imenso, e de onde eles estavam não dava para ver o seu fim, —
se é que existia um. Mas se podia ver uma densa neblina de nuvens carmesim
estacionadas por toda a parte. Haviam também outras pessoas ao redor da passarela
e o numero dessas criaturas era simplesmente incontáveis. Estavam agachados ou
sentados, conversando ou cantando, alguns apenas afinando seus instrumentos, — harpas
para ser mais preciso. Eram criaturas magníficas e todas tinham uma aparência
assexuada que misturava beleza e força ao mesmo tempo. Enormes asas lhe saiam
das costas numa plumagens tão fina e macia quanto as próprias nuvens que
pairava do céu.
Os
dois homens, que não eram homens, continuaram sua conversa ainda
no mesmo tom alegre de antes, como se nunca tivessem se calado para ver as águas
cristalinas lá embaixo. Um dos anjos trazia consigo uma prancheta e anotava com
uma pena, — possivelmente, uma de suas próprias costas —
várias ideias de criação.
—
Como disse, já faz muito tempo que estou planejando isto. — continuou ele,
tornando a rabiscar o papel. — Estive pensando... Não faz muito
sentido ter dois seres infinitamente maravilhosos vivendo em um único mundo sem
colocá-los à prova. Quero criar uma aproximação, algo que os marque para
sempre.
—
Você está se referindo aos humanos? — indagou o
irmão, substituindo a alegria por uma intensa interrogação.
— Sim. — respondeu o outro, com rapidez. — Ah, e você já tem alguma ideia de criação
para apresentar?
—
Hum... na verdade não. — confessou o anjo, vergonhoso, voltando a olhar seu
reflexo nas águas.
—
Certo. Em algum momento a ideia aparecerá.— concordou o outro, segurando a pena
com mais força. — Mas e aí, acha que tenho alguma chance?
—Bem, se sua criação envolve aproximação e
significado, possivelmente serão aprovadas no encontro de hoje. — lembrou-se o
outro arcanjo, tentando se animar, e animando ainda mais o irmão. — Já a ideia de mexer com os humanos, não sei se é uma das melhores...
Novos rabiscos foram feitos e um sorriso iluminou-se
no rosto do anjo que tinha a prancheta. Naquele momento seu irmão notou que a
pena que outrora era branca, agora tinha adquirido um tom encardido e estava
encharcada de um líquido negro.
—
É, você tem razão. Também acho que será aprovado. — comentou ele, ignorando completamente a parte a respeito dos humanos,
como se ela nunca houvesse sido dita.—
Ainda por cima acredito que será divertido. — admitiu ele dando mais uma gargalhada
— Mas só irá funcionar se for especialmente para os
humanos.
Adoro criar ideias para eles, e será como um presentinho...
—
E que tipo de presente estamos falando?
—
É algo inovador.. E por outro lado, eles são muito felizes. — então olhou para
todos as outras criaturas a sua volta e ele disse — Na verdade, todos aqui são.
Isso não te incomoda irmão? Bem, minha criação fará com que os humanos chorem,
se embriaguem... quero confundir suas mentes.
Ao ouvir aquelas palavras o segundo anjo apenas
encolheu os ombros duvidosos e perguntou:
— E como se dará isso?
— Não será algo muito difícil de ser criado. Pessoas diferentes se encontrarão,
rasgarão o peito uns dos outros equivocadamente, pensando estar fazendo o bem.
Muitos não entenderão o que está acontecendo, ficarão vulneráveis, aéreos,
alucinados. Causarão muita desgraça por causa de minha criação. Farão isso com
outras pessoas e com elas mesmas. Acreditarão que não serão capazes de
continuar o caminho, o caminho que já estava lá antes do outro entrar em sua
alma. Não será engraçado?
O outro nada disse, apenas continuou ouvindo.
Porém, pelo seu semblante sério, não, aquilo não seria nenhum pouco engraçado.
— Ora, será engraçado não? — insistiu o outro.
Nesse
instante duas penas estranhamente escureceram e se desprenderam de suas costas.
Sem muito esforço ele as ignorou e prosseguiu com a narração.
—
Pois bem, milhares e milhares de pessoas achando que estão incompletas,
milhões e milhões achando que precisam de cafuné para que todos os problemas do
mundo desapareçam. Pessoas serão destruídas apenas para receberem coisas
idiotas, como um sorriso, um olhar ou, beijos. Patético.
“Não. Ele não
estava pensando em apresentar aquela ideia de verdade”, pensou o outro anjo que agora apanhava as penas do irmão de cima das
tabuas do píer, e dava uma boa olhada nos resíduos presos a ela. Eram realmente
muito negros, viscosos e tinha um forte cheiro de podridão.
— E o que acontecerá depois? — perguntou ele, com um voz que não
demonstrava nenhum interesse naquele assunto. — Quero dizer, o que acontecerá com essas pessoas? Elas morrerão de
verdade?
— Lógico que não!—
exclamou o outro levantando-se rapidamente.
E pensando melhor disse:
— Bom, algumas sim... Mas na maioria das vezes será tudo fruto da
imaginação e de suas fragilidades. Os humanos são muito mais fortes que isso.
Só não sabem, ou fingem não saber. Assim, depois de terem os corações dilacerados,
pisoteados, e se sentir abandonados é que começa a diversão de verdade.
Então ele sorriu; e foi sem sombra de duvida, diante
daqueles milhares e milhares de anjos, um riso
totalmente único. Um riso que não demonstrava felicidade como os
outros. Aquilo era uma outra coisa.
—
Os humanos farão tudo isso pensando que estão fazendo coisas boas.
—
continuou. — Estarão iludidos e voltarão a estaca zero. Terão a
alma estraçalhada por isso. E nós ficaremos aqui, sorrindo de suas
imbecilidades. E eles ficarão na lama, sem ninguém, achando que não tem valor
algum. Seremos diferentes deles, diferentes de todos os humanos. E eles sim
serão todos iguais, fracos e idiotas...
Diante daquelas palavras o outro anjo continuou em
silencio por alguns segundos. Então com uma voz firme e cheia de determinação,
e ainda tentando entender de onde vinha toda aquele sentimento, ele perguntou:
— E como tudo isso será chamado?
—
Estou pensando em “desejo”.
E sim, será uma imitação inconsequente do amor e da paixão. Ou talvez, uma
paixão mais intensa, sem amor próprio. — respondeu ele, sentindo mais duas ou
três penas lhe abandonarem as costas para sempre. — Ao menos é um belo nome, e pode ter significados interessantes. O que
acha?
Como
se estivesse pensando, o irmão hesitou.
—
Acho que conseguiu. — sussurrou o arcanjo com uma voz entrecortada. — acabou se
tornando diferente de todos aqui. Acredito que esteja orgulhoso.
O outro
anjo nada disse, apenas olhou novamente o próprio reflexo nas águas. Até sua
fisionomia agora havia mudado; poucas penas ainda estavam grudadas às suas
costas e suas roupas e o próprio rosto estavam diferentes. Ele não se
reconhecia mais.
—
Sinto muito, irmão. Isso não dará certo. — continuou o arcanjo, lentamente. — Sua ideia é
cruel demais, nunca será aceita pelo Pai. Para ser honesto, acho que você
deveria se preocupar com outra coisa... há coisas mais sérias no momento.
E dizendo isto, lhe devolveu as penas caídas que
ainda tinha nas mãos. O cheiro e a textura era realmente horríveis.
—
A pior parte é que eu acredito em sua determinação. — disse ele, levantando-se
e tomando a prancheta das mãos do outro anjo. — Sinto que de alguma forma você
conseguirá implantar sua ideia, com o sem o consentimento d’Ele. Agora, por
favor, com licença.
O
anjo se afastou bem devagar, olhando fixamente para as anotações da prancheta,
analisando-a, revisando cada cantinho rabiscado enquanto o outro olhava para as
penas caídas e a poça negra que havia se formado nas tábuas do píer.
Enquanto
caminhava pela passarela o anjo ouviu
seu irmão o chamar.
—
Ei!— berrou ele, conseguindo ver apenas as imponentes asas do anjo, cada vez
mais fortes e alvas, se afastando para longe. Naquele momento uma inveja surgiu
em seu coração. — O que vai fazer Miguel?
Ao ouvir aquilo o arcanjo parou, e olhando por cima do ombro disse:
— Tenho
que confessar uma coisa, meu irmão. Você acabou me ajudando a ter o que
apresentar hoje. — respondeu ele, satisfeito. —E sou muito grato a isto. Agora,
se você fizer o que realmente disse, eu terei com o que contra atacar...
—
Do que você está falando?! — guinchou a criatura, cheia de ódio.
— Minha
ideia para os humanos será a “compaixão”.
E essas pessoas ajudarão as suas pessoas
de coração partido a se amarem outra vez. — revelou o anjo, com um brilho
determinado no olhar.
Todas
as harpas se calaram quando uma enorme gargalhada ecoou pelo ambiente, fazendo
com que as águas se agitassem de medo. Ainda de longe Miguel pôde ouvir, numa
voz que já não era mais a do seu irmão:
—
Eu criarei muitas coisas Miguel, e provarei que não sou igual a todos eles.
— disse, enquanto apontava para os anjos
que haviam na extensão do píer. Diferente dos outros, aquela criatura que já
não tinha mais nada de angelical em todo o seu ser.
—
Bem, se isso acontecer — continuou Miguel, e um sorriso surgiu em seus lábios —
haverá uma grande batalha aqui. E nesse momento, por favor, deseje que eu mesmo
tenha compaixão de você. Afinal, eu
também não sou como os outros, Lúcifer. Não sou...
Então, voltando a caminhar ele entrou na neblina, e
sumiu por entre as nuvens de cores carmesim sem ao menos olhara para trás.
Gostou? Se sim, peço que compartilhe isto com outras pessoas. Afinal, as histórias nascem para serem contadas, e somente permanecem quando ficam no coração.
Seu mais novo blogueiro agradece...
Como faço para disser que você é um espetáculo de escritor? Sério! Já usei todas as palavras possíveis para lhe falar como sou apaixonada em suas histórias, tens uma capacidade incrível de nos transporta pelos mais diversos mundos de contos e história. Parabéns amigo! Fã número 1
ResponderExcluirMuito obrigado! Sou muito feliz por ter pessoas como você torcendo por mim e por meu sonho (e fazendo parte dele também). E pode ter certeza que minhas histórias sempre estarão aqui para te trasportar para mundos diferentes e te fazer sonhar outra vez. Mais uma vez, obrigado.
ExcluirGrande, Marcelo!
ResponderExcluirAgora sim eu vi sucesso! Parabéns pelo texto: está top!
E que venha mais inspirações! =)
Abraços,
Daniel Moraes
irmaoslivreiros.com.br
Muito obrigado meu grande amigo! É realmente muito bom poder ouvir isto vindo de você. Ah e pode ter certeza que mais histórias virão! ;)
ExcluirGrande Abraço Daniel!
Ah Marcelo, muito legal a história nem preciso dizer, sou super fã do que você escreve, além de tudo vocêé muito simpático e interage com as pessoas. Tenta sempre passar uma mensagem positiva no que escreve. Parabéns querido! Pode ter certeza que sempre lerei o que você escreve, pois percebo que vem do seu coração!GRATIDÃO
ResponderExcluirSou muito feliz pois tive a sorte de, por meio da leitura, encontrar pessoas como você. Sou grato também por ler meus textos e gostar de minhas histórias, que sem dúvida saem do coração. E sobretudo, obrigado por ser esta grande amiga! Ah, e não posso deixar de te parabenizar por manter firme esta paixão pelos livros por meio do "Cantinho da Leitura". Muito obrigado Michela...
ExcluirGrande abraço!
Att,
Marcelo Felix
Entao'
ResponderExcluirE difícil falar como suas histórias me envolvem e tomam minha mente me fazendo imaginar tudo em tempo real, você eum espetaculo no mundo da leitura e acredito no seu potencial radiante,
Um grande exemplo pra mime lembro quando leu uma linda história para mim e família e me fez até chorar ,sua capacidade de envolver o leitor com suas histórias magníficas é imprecionante .
Parabéns e que Deus te abençoe,.